domingo, 1 de novembro de 2009


Ainda na sexta-feira regressava do trabalho a caminho de casa, ouvindo no carro, como todos os dias, a Radar FM. E com ela a voz mais cavernosa, gutural, confiante e calma de todo o espectro radiofónico (atrevo-me a dizer mundial).
António Sérgio nasceu com um dom. Aquele timbre de voz era raro, digno de um senhor "voz de bagaço". Transmitia ao ouvinte sensações de confiança e segurança imbatíveis. Foi através de António Sérgio que me inspirei nos meus anos adolescentes de rádio local em Castelo Branco. Foi com ele que descobri inúmeros discos, incontáveis bandas e estilos sonoros de todo o mundo (ainda o ano passado o António elegeu como um dos albuns do ano "Stay Positive", dos Hold Steady, que em Portugal passou despercebido e é para mim um dos albuns da década). António Sérgio era o John Peel português, mas que em nada ficava a dever a essa outra lenda da rádio também já falecida.
Acabo de ler a notícia da sua morte no Público, e sinto agora um vazio tremendo e uma tristeza profunda. Lamento, acima de tudo, nunca ter tido a oportunidade de conhecer o António Sérgio, e assim poder agradecer-lhe toda a educação que ele me proporcionou ao longo das últimas 3 décadas.
Se do alto do teu merecido pedestal no Além me consegues ler, António, o meu gigantesco bem-haja por seres quem eras e por tudo o que me ensinaste.

Fotografia virtualmente recortada da versão on-line do jornal Público. Autoria de Miguel Madeira.

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