sexta-feira, 9 de abril de 2010

Surrogates

 Classificação: 6 Espigas (em 10)

Positivo - A premissa do filme é muito interessante, embora copiada a papel químico de muitos clássicos de ficção científica; bom entretenimento "pipoqueiro", com uma salada de filosofias cyberpunk esmagadas em hora e meia de fita.

Negativo - Quero o Bruce Willis dos anos 1980 de volta! Este já gastou as pilhas; a utilização fraca e mal explicada da tal premissa do filme, em que pessoas agem e vivem o seu dia-a-dia através das suas cópias robóticas no mundo real, tornando a sociedade uma coisa asséptica e artificial; Alguns efeitos especiais são fraquinhos, especialmente para a época "Avatar" em que vivemos.
A pseudo-revolução ou a dúvida do ano

 O lançamento do iPad veio mexer com o mercado informático, como é hábito nas novidades provenientes do mundo da maçã. Um tablet PC com muita autonomia e capacidade para ler os jornais diários e livros de todo o mundo é um produto que estou disposto a comprar. Mas será o iPad a solução?
Nestes primeiros dias em que o aparelho está no mercado, tenho tentado acompanhar nos media tecnológicos e generalistas as várias opiniões sobre o assunto.
Do lado dos leigos, que não percebem (nem querem perceber) o funcionamento da máquina, o iPad é uma revolução. Do lado dos geeks é uma decepção. E das grandes. Não vejo a coisa de forma tão linear em qualquer das perspectivas.
Se tivermos em conta apenas a parte técnica, o iPad é efectivamente um "gizmo" muito limitado. Como se não bastasse a falta de ligações externas (por exemplo USB), há ainda o processamento single thread, que permite correr apenas uma aplicação de cada vez. Mas por outro lado, esta é provavelmente a única forma de conseguir, com a tecnologia actual, que o iPad tenha uma autonomia tão grande (já vi relatos de quase 12 horas seguidas sempre em funcionamento com internet!). Com estas especificações o aparelho não precisa de gastar a energia que um PC normal necessita, poupando milhões de ciclos de relógio de um processador multi-threading. Da mesma forma faço a análise à falta de suporte ao Adobe Flash no browser de internet, que vai deixar muitos sites com quadrados em branco na altura de navegar a net. É conhecido de todos que é através do Flash que muitos vírus se propagam e atacam os computadores, normalmente porque os utilizadores não actualizam o software com a devida regularidade. A solução da Apple foi pura e simplesmente eliminar o Flash do seu sistema, criando um ambiente mais seguro, sem necessidade de constantes actualizações ou anti-vírus, "jargões técnicos" que provocam comichão a quem só quer um iPad para ler, jogar e navegar, não para programar ou trabalhar.
Depois temos o lado funcional, mais apetecível aos leigos. É verdade que o iPad tem todas as funcionalidades do iTouch, com um ecrã superior, além de novas funcionalidades, destacando-se o leitor de livros. O grande problema do iPad neste campo é a sua gritante limitação aplicacional: não posso, pura e simplesmente, instalar software meu na máquina. A única forma de o fazer é através da iTunes Store da Apple, o que além de limitar a oferta, permite à empresa americana controlar o que pode ou não ser vendido/distribuído na sua loja. Se algum programa não lhe agradar (como já aconteceu com apps de iPhone), a Apple simplesmente retira-as da loja ou nem sequer permite a sua distribuição. Isto é censura, meus amigos. É uma limitação imposta por uma empresa para que só seja possível comprar os seus produtos nos seus termos. Para quem se advoga como combatente anti-DRM, a Apple mostra o seu lado negro com uma medida que vem em contramão com tudo o que a internet e os pc's vieram trazer: democracia digital, conhecimento sem limites, globalização de produção e socialização.
Por outro lado, esta limitação tem as suas benesses para o utilizador. Mais uma vez entram em campo as variáveis da segurança e fiabilidade. Através deste apertadíssimo controlo, a Apple praticamente garante que nunca virá a ser necessário instalar um anti-vírus numa máquina destas. Além disso, estamos a falar da Apple, que já tem milhares de aplicações gratuitas na sua loja para o iPhone, a maioria compatíveis com o iPad. E com todo o buzz que tem existido em redor desta máquina, é natural que vejamos um aumento exponencial de jornais e revistas a querer ter as suas próprias aplicações de leitura no iPad. É uma revolução no mundo dos media escritos? Pode ser. Com certeza irá ajudar a que nos próximos tempos se vendam mais jornais New York Times ou revistas Time do que nos últimos anos, aumentando o rendimento destes media.
Em conclusão, ter ou não um iPad é uma decisão a ser tomada depois de assentar a poeira, e descobrirmos quais destes argumentos venceram no sítio que realmente interessa: o mercado. Aguardam-se ansiosamente os próximos episódios, entre os quais o lançamento do HP Slate, concorrente directo ao iPad do consórcio Microsoft-Hewllet Packard. To be continued...