quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Comprei este pequeno bicho:


E tenho de admitir que a Western Digital voltou às minhas boas graças após a frustração que sofri com o firmware do My Book (é pior que uma lapa para apagar). Ainda não encontrei codec que não passe aqui, desde ficheiros mkv's de alta definição 1080p até ao mais reles avi standard. Aconselho vivamente. Mais informação aqui.
Gamer
Classificação: 3 espigas (em 10)

Positivo - O conceito, como em tantos outros filmes, até era interessante. A fronteira cada vez mais ténue entre a realidade e o virtual, as grandes corporações, o controlo da mente por meio da neurociência e de redes neuronais. Tudo muito ao estilo William Gibson.

Negativo - Quase tudo o resto. Mal escrito, com uma narrativa simplista e mesmo assim confusa e cheia de buracos. Câmaras a filmar com demasiada epilepsia (mais que Greengrass nos dois Bourne juntos!), efeitos exagerados, uma crónica cópia de planos sacados descaradamente, aqui e ali, a Blade Runner. Lanço a pergunta: será que estes tipos (os dois realizadores) são reais? Ou foram inventados por algum PC manhoso, que os colocou numa realidade virtual, quais robots obedientes? Só assim se compreenderia como é possível fazer algo tão artificial. Acima de tudo, lamento a presença neste desastre de Michael C. Hall, ao qual só na TV e no teatro são oferecidos trabalhos condignos. A Gerard Butler não se lhe pede muito mais. O homem é cada vez mais um pote de testosterona.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Música para o countdown do início de 2010:


Beastie Boys - Body Movin' - versão original de 1998

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Anda tanta gente por aí a escrever (boas e más) críticas de cinema, que para o renovado Espigas decidi fazer a coisa de outra forma.
Primeiro porque já não tenho nem a paciência nem o tempo de outras épocas para teorizar sobre filmes como fiz noutros tempos em alguns sites e no antigo Espigas. Depois porque, como referi, há por aí muito boa gente que o faz bem melhor que eu. Vou simplesmente classificar os filmes, porque sou um gajo que gosta de classificar as coisas, e acrescento um ou outro ponto que me pareça efectivamente pertinente.
A classificação será a mesma que coloco na minha conta do Imdb, numa escala de 0 a 10. E aqui vão os meus primeitos bitaites:

Avatar
Classificação: 7 espigas
 
Positivo: a revolução tecnológica, em especial os monitores de "preview" do realizador sobre o mundo de Pandora renderizado em tempo real. Para mim essa é a verdadeira revolução no que toca a novidades, como o foi no seu tempo o uso de monitores de Francis Ford Coppola em "One From The Heart" (e que quase o levou à falência pela audácia de tal vanguardismo).

Negativo: a história, demasiado básica e previsível, cheia de moralismos, estereótipos e clichés ambientalistas; também o tão proclamado 3D não me seduziu. Vou tentar ver o filme num ecrã maior (ou até num Imax em Espanha), mas não parece que vá fazer muita diferença. Não vi coisas "em cima de mim" ou "ao meu lado". É apenas um quadro. 3D. Como tantos outros que têm passado no cinema, mas com maior número de pontos brancos nos fatos azuis acrescentados aos actores na hora do motion capture que provocam por vezes uma maior profundidade lateral, em vez do mais primitivo "efeito paralax". Salvam-se as cenas em interiores, onde a profundidade das salas e o "decalque" das personagens é realmente surpreendente.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Aqui vão as minhas primeiras votações para a colheita de filmes de 2009. Por enquanto vou limitar-me à votação que já submeti para os prémios Jameson da revista Empire, definitivamente a minha publicação favorita. No entanto, tenho que admitir que estes senhores, embora justos quando vão relembrar os primeiros filmes do ano para consideração no voto final (injustiça que por vezes assola os Oscars), também deviam ter tido em conta os filmes que estreiam em Dezembro. E nesse caso houve uma grande falha: Avatar. Anyway, aqui vai:


Melhor Novato: Sharlto Copley (o magnífico Wikus Van De Merwe, agente governamental sul-africano destacado para expulsar os "camarões" do Districto 9).

Melhor Thriller: Public Enemies (o filme histórico que faltava ao grande Michael Mann só podia ser sobre a história de um grande gangster).

Melhor Filme de TerrorLet The Right One In (ou o que aconteceria se um dia misturássemos poesia com vampiros na Suécia).

Melhor Comédia: Funny People (quase ex-aequo com "In The Loop", mas o primeiro ganha pelo magnífico auto-retrato da própria comédia - melhor filme de Adam Sandler desde "Punch Drunk Love").

Melhor Filme de Ficção Científica/Fantasia: Avatar (é o festival de efeitos especiais do ano, se não da década, embora a história seja relativamente básica - por isso uma menção honrosa ao novo "Star Trek").



Melhor Actor: Christoph Waltz (pelo caça-judeus mais carismático da história do cinema em "Inglorious Basterds").

Melhor Actriz: Kate Winslet (ainda votável pelo papel em "Revolutionary Road", embora o filme seja de 2008 para os americanos - e também pela falta de uma interpretação fascinante ao longo de todo o ano).

Melhor Realizador: Kathryn Bigelow (a senhora com mais tomates do cinema actual fez o melhor filme sobre a guerra do Iraque, "The Hurt Locker").

Melhor Filme Britânico: Slumdog Millionaire (categoria específica da revista Empire, na qual não podia esquecer mais uma excelente obra de um dos meus realizadores favoritos, Danny Boyle).



Melhor Filme: The Hurt Locker (o "Apocalipse Now" dos filmes da guerra do Iraque, mas feito com menos meios - imperdível).

Outros títulos que não podia deixar de mencionar (entre a lista de estreias de 2009 mencionadas pela Empire para Inglaterra): Watchmen, Moon, The Wrestler, Coraline, Up, The Curious Case of Benjamin Button.

E, já agora, aqui fica o Top 10 definido pela Empire (de forma algo precipitada, no meu entender, pois deviam ter esperado por Avatar):

1 - Let The Right One In
2 - Slumdog Millionaire
3 - Up
4 - The Hurt Locker
5 - Star Trek
6 - The Wrestler
7 - Inglorious Basterds
8 - In The Loop
9 - District 9
10 - Coraline

domingo, 13 de dezembro de 2009

Banda sonora de final de fim-de-semana:



Lord I'm discouraged - os magníficos The Hold Steady

Nestas alturas de Natal e fim de ano encontramos um infindável número de crónicas "anti-listas dos melhores do ano". Provavelmente serão tantas como as próprias listas. É um assunto muito subjectivo. Se por um lado é verdade que a maior parte dessas listas são autênticas marés de corrente muito forte à qual estamos presos por um consumismo desbragado, por outro (e agora escrevo por experiência pessoal) é nessas listas que por vezes descobrimos coisas que nos escaparam completamente ao longo do ano, por esta ou aquela razão, e com a qual nos identificamos ou desenvolvemos um gosto genuíno.
O ano passado aconteceu-me isso quando fui espreitar a lista da Rolling Stone e dei de caras com os MGMT, Vampire Weekend ou até TV On The Radio, que até então tinha pomposamente ignorado. Este ano vou fazer desses casos uma tradição, e já prometi a mim próprio navegar aqui e aqui com tempo e dedicação para ver se me escapou alguma coisa.
No cinema e TV é provável que não me apanhem tão desprevenido (um eufemismo para ignorância). Nesse caso é mais provável que me encontrem entre os votantes de algumas das listas, como esta ou esta. De qualquer forma, vou deixar brevemente aqui no blog uma lista pessoal de cinema e outra de séries televisivas para este ano de 2010. Só não o faço já porque é pouco honesto ignorar os estreantes de Dezembro e porque ainda falta "Avatar". Stay tuned.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Nos últimos dias vou aproveitando as frequentes repetições no canal MOV (exclusivo ZON) para rever episódios soltos de The Wire, aquela que é, para mim, a melhor série de sempre. Sim, de sempre. Mesmo. Desde que os meus pais me deixaram, ainda menino, ver séries televisivas. Desde o Verão Azul. Acima de Sopranos (provavelmente a terceira melhor) e Sete Palmos de Terra (sem dúvida a segunda). Mais intemporal que Twin Peaks (no top 10) ou A Balada de Hill Street (idem).

Tenho consciência que este "top" pode ferir a susceptibilidade de muita gente, mas tenham calma. Nem isto é uma coisa estática, pois há sempre séries de grande qualidade a sair (vide Dexter ou True Blood), como há tops bem piores (colocar um reality show como "Survivor" ao lado dos Sopranos faz-me comichão).
Mas isto vem ao caso para, após rever mais uma das cenas-chave da série, fazer aqui uma pequena homenagem a dois actores que tiveram em The Wire os seus trabalhos de toda uma vida.
Refiro-me em primeiro lugar a Michael K. Williams, que interpreta a minha personagem favorita, Omar Little. Omar é um pequeno gangster que, ao contrário da maioria do espectro social da sua "profissão", consegue sobreviver (quase) até ao fim das 5 temporadas de The Wire. Mas não é um gangster qualquer. É, acima de tudo, humano, e como todos nós tem os seus muitos defeitos, mas também inúmeras virtudes. Williams conseguiu retratá-lo tão bem que o transformou num daqueles "bonecos" que vamos (quem assistiu a The Wire do início ao fim) mantê-lo no nosso imaginário televisivo até morrer. Cinzento e nebuloso como poucos, Omar Little é um assassino que rouba traficantes, qual Robin Hood da urbe, de ar duro, cicatriz na cara, impiedoso, agressivo, sobrevivente no esquema selvagem da "rua" que a cidade de Baltimore apregoa nesta magnífica série (sendo a própria Baltimore também uma "personagem" fascinante, assunto que daria para um ensaio).
Mas Omar é também um homossexual assumido, que pretende vingar a morte do seu amante às mãos de criminosos a quem ele roubou vezes sem fim. É um homem que entende a noção de justiça, e consegue a espaços alinhar com os homens das esquadras de polícia, tal como se alia a quem já o tentou matar. É um estratega. Um jogador de xadrez em forma de rap. Mas não confiem nas minhas palavras. Fixem apenas que Omar é a personagem favorita de... Barack Obama. E se depois de assistirem a qualquer outro trabalho do actor Michael K. Williams não acharem que este Omar lhe deu pano para mangas, aconselho-vos a reverem o vosso barómetro artístico.

O outro senhor aqui homenageado é o actor britânico (leiam outra vez... britânico!) Dominic West. Não só a sua personagem, o detective Jimmy McNulty, goza dos mesmos privilégios de profundidade dramática e "áreas cinzentas" na sua humanidade, como West foi obrigado a assimilar durante 5 anos um sotaque americano do estado de Maryland. Quem vir Dominic West no filme "300", por exemplo, pode atestar bem das suas incríveis capacidades camaleónicas, tal é o contraste.
McNulty é um detective de coração aberto, sempre com um pé no alcoolismo, algo fanfarrão e mulherengo, pronto a ajudar os seus colegas e sempre remando contra tudo e todos no intuito de resolver casos e combater o crime de Baltimore.  O problema é que, no caminho, McNulty é capaz de "atropelar" algumas regras do manual (rígido) de procedimentos policiais, e desta forma deixar furibundos alguns colegas e superiores hierárquicos. E não estamos aqui a falar de polícia corrupto retratado de forma barroca e hiperbolizada à la "The Shield". Nada disso. O que se vê em "The Wire" não podia estar mais próximo da realidade, num retrato em que as suas personagens são más quando devem ser más, mas não se apercebem da sua maldade. Ou pensam que, por exemplo, em Portugal, os corruptos sabem sempre que estão a cometer corrupção? Pensar assim é ser ingénuo. É essa ambiguidade moral que transforma The Wire numa série fabulosa, e que mostra Jimmy Mcnulty como um polícia empenhado e esperto, mas também tóxico, obcecado, facilmente irritável se as coisas não se estiverem a processar à sua medida.
Faço, pois, uma prolongada vénia a estes dois senhores, que em conjunto com um elenco de altíssima qualidade conseguiu mostrar ao mundo o quão miserável e corrupta pode ser a sociedade americana num estado do litoral leste do país, a faixa de terreno dita "civilizada", a apenas 70 Km da capital Washington. "The Wire" é a vida, como ela é. Sem estilismos, metáforas, parábolas, hipérboles ou caricaturas. Aqui um crime não se resolve em duas horas, com um esfregar de um cotonete na boca do suspeito, que revela o seu DNA em minutos. Um caso é um caso é um caso. E dói. No polícia que patrulha a rua, no detective que tenta resolver o puzzle, no cidadão que testemunhou, no traficante que mata e vende droga, no político corrompido, no professor de mãos atadas face a um sistema de ensino cego, surdo e mudo, no jornalista amoral. "The Wire" é o mundo todo em 5 séries que prevalecerão por muitos anos. Amen.

Editado a 9 de Janeiro de 2010
Banda sonora do feriado:

sábado, 5 de dezembro de 2009

Gostei tanto desta passagem da entrevista de Francisco José Viegas a Carlos Vaz Marques no "Pessoal e Transmissível" (TSF) de 10 de Novembro (só agora ouvi em podcast), que tive de transcrever as palavras aqui no blogue:
"A melancolia não significa exactamente infelicidade. Uma dose de melancolia, como uma certa dose de derrotas pessoais, são duas coisas fundamentais não só para formar o carácter, mas para educar com virtude. [...] uma pessoa que não tenha a noção da melancolia e que não tenha a noção da derrota não pode seguir em frente com a mesma dignidade."
Esta ideia está mais que debatida, e não estamos a falar de nenhum segredo para a vida à la Rhonda Byrne. Mas a eloquência do entrevistado faz toda a diferença.

Fui verificar, porque ainda sou daqueles que guarda todos os bilhetes (embora a maior parte já seja imprimida em papel térmico que provoca o desvanecimento das letras com o tempo). Já não vou a uma sala de cinema desde 5 de Setembro, quando assisti ao novo Tarantino. Pior. A sessão anterior fora a 18 de Julho, com a comédia "A Ressaca".
Para alguém como eu, que sempre respirou as salas de projecção, os cartazes, as pipocas ou os ambientes mais selectos do King, é de facto um acontecimento.
Parece que foi ontem que assisti ao primeiro filme no velhinho estúdio S.Tiago, em Castelo Branco, na altura acabadinho de inaugurar com o último grito que vinha dos States: nada mais nada menos que "Top Gun".
Significa que estou definitivamente divorciado do cinema? Pelo contrário. Vejo uma média de 10 a 15 filmes por semana. O problema é que já tenho uma PS3 com leitura de Blue Ray, um belíssimo ecrã LCD FullHD, um disco externo de leitura de ficheiros em DiVX conectado por HDMI, enfim... o básico que um geek precisa para continuar a acompanhar o maravilhoso mundo da sétima arte (ou da sétima e meia, se contarmos a qualidade de algumas séries de TV a passar na actualidade no pequeno ecrã).
Mas o fenómeno é geral. Se descontarmos um ou outro grande blockbuster, cada vez há menos pessoas a ir ao cinema. Por que razão o fariam, se em casa dispõem de todo o conforto e tecnologia para uma experiência muito próxima à das salas escuras? E há que ter em conta toda a pirataria actual, que permite que numa questão de meses, semanas, e às vezes dias, seja possível assistir com qualidade aceitável (de DVD ou BD) um filme que ainda nem estreou no nosso país. Porquê então ir a um cinema? Não sei as respostas. Estou a ser levado por ventos que ainda não sei onde me levarão, mas que não abonam em nada o futuro do cinema enquanto espectáculo exterior de massas em sala paga. Há uma réstea de esperança: que o cinema se reinvente, consiga atrair de novo as pessoas às salas com promessas de novas tecnologias e visionamentos que sejam incompatíveis com o sofá cá de casa (pelo menos enquanto não surgir uma nova geração de TV's ainda melhores, e leitores de discos com mais dados e mais definição, ou simplesmente redes gigantes que nos enviam os filmes para casa pela net numa questão de segundos). Eu diria mesmo que este mês de Dezembro vai assistir ao lançamento de uma das principais armas, uma dessas esperanças da indústria do cinema. Refiro-me a James Cameron e o seu aguardadíssimo "Avatar". Peter Jackson e Steven Spielberg falam maravilhas do sistema inventado por Cameron. Será suficiente? Veremos. Para já, tenho a certeza que este será o próximo filme que me fará regressar a uma sala de cinema. E isso é uma pequena grande vitória.

Editado em 8 de Novembro 2009
Banda Sonora para o fim-de-semana:

Empire of the Sun - We Are The People

Os rapazitos decidiram criar um canal próprio no You Tube e retiraram as ligações embbeded. Mas aqui fica o link na mesma...

(editado a 8 de Janeiro de 2010)