terça-feira, 9 de março de 2010

Os Oscars

Lá se passou mais uma edição da grande festa da Academia americana de cinema, evento que pela sua projecção e importância afecta directamente os mercados do filme em todo o mundo, independentemente de se concordar ou não com as nomeações e os premiados.
Com a diminuição drástica de espectadores nos últimos 10 anos, a cerimónia de entrega dos Oscars tem passado por sucessivos tubos de ensaio. Este ano não foi diferente. Em vez de contar com um único apresentador, a Academia decidiu apostar em dois: Steve Martin, que já apresentara a solo a cerimónia, e Alec Baldwin, actor actualmente em estado de graça pela sua participação no elenco de 30 Rock, série cómica da NBC que relançou a sua carreira. A química dos dois actores foi interessante, embora tenha pecado por saber a pouco. É inevitável sentir saudades de Billy Crystal, o protótipo de apresentador por excelência. O ano passado Hugh Jackman andou lá perto, com os números de dança e uma veia cómica que não se lhe conhecia no mainstream. Mas Crystal é Crystal.
No entanto, parece que as audiências responderam positivamente a este formato, onde também os discursos de agradecimento foram diminuídos ao máximo, algumas estrelas do firmamento teen foram adicionadas aqui e ali (Miley Cyrus e Taylor Lautner, por exemplo), e até a tradicional apresentação das músicas a concorrer ao Oscar de melhor canção original pura e simplesmente não existiu.
De positivo fica para a história a entrada em palco do inigualável Ben Stiller, maquilhado de Na'vi, paródia que já fizera em anos anteriores (ou eventos diferentes) com outras personagens fictícias ou bem reais do mundo do entertainment. Também interessante foi o número de dança de abertura com Neil Patrick Harris, outro actor de televisão com destaque no público mais jovem (brilha na série "Foi Assim que Aconteceu - How I Met Your Mother"), que esteve bem, embora sem fazer esquecer a brilhante perfomance do ano passado de Hugh Jackman.
O mais fraco da cerimónia foi, sem dúvida, o número de dança a apresentar as bandas sonoras originais nomeadas ao Oscar. O espectáculo foi proporcionado por um grupo que coreografou e interpretou cada uma das músicas com passos de break-dance. Muito pobre, pouco original, e algumas vezes completamente fora de contexto (a música de UP transformada em break-dance? Hugh...).
Quanto aos nomeados, no meu entender fez-se justiça. The Hurt Locker foi, na minha opinião, o filme do ano passado que mais argumentos tinha para sair vencedor, e até consta da minha lista de best of. Avatar ficou-se pelos galardões técnicos, que também merecia, mas perdeu em todas a linha nos restantes departamentos. É justo, tratando-se de um filme com uma história tão básica e roubada a clássicos (Pocahontas é sempre o mais nomeado).