sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Já li "Catcher in The Rye" pelo menos cinco vezes, tanto em versão original como traduzida. É daqueles livros que me acompanham desde o princípio da minha idade adulta. Desde que, imberbe adolescente, me deixei levar pelos prazeres da beat generation. J.D. Salinger, não fazendo de forma alguma parte deste movimento, tem na minha perspectiva um lugar cativo de visitante.
"Catcher in The Rye" transpira inconformismo por todos os poros, numa perspectiva de ingénua rebelião infantil, é certo, mas de uma forma perigosamente viciante, como uma boa leitura de "On The Road" do Kerouac, com direito a visitas nocturnas pela Nova Iorque pré-beatnicks e respectiva fauna disfuncional.
A sua morte não nos deixa mais pobres, como se costuma dizer alarvemente. Salinger não escrevia nada há décadas e prezava o seu isolamento e privacidade com alguma dose de loucura e paranóia. A família decidiu (e bem) não promover sequer um serviço fúnebre, coisa que despertaria romarias de fãs e muita tinta, electrónica ou não, por esse mundo fora. O escritor vai desta forma manter o seu estilo de vida até à cova: um asceta do século XXI é por si só obra significativa para mostrar a gerações futuras.

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