Classificação: 7 espigas (em 10)
Positivo -Di Caprio em mais uma performance excelente, a mostrar porque Scorsese o escolheu para sua "musa"; o formalismo impecável de Scorsese a filmar; a história em geral, baseada no livro de Dennis Lehane (Mystic River e Gone Baby Gone).
Negativo -Este é daqueles filmes que dificilmente me conseguiria conquistar à primeira, embora a ansiedade e curiosidade de o ver fossem muitas. É que tive oportunidade de ler o livro há cerca de um ano, e nada do que ali se passa é novidade para mim (nomeadamente o "twist" final). De qualquer forma, posso acrescentar que a história foi cinematografada de forma correcta, com respeito pelo material original, embora também aqui tenha notado (como no livro) alguma previsibilidade nos acontecimentos. Há quem aponte acusações de plágio a Dennis Lehane pelo romance. Depois de ver excertos do filme de que se fala (O Gabinete do Dr. Caligari) fico com algum amargo de boca. O que não gostei muito foi o aspecto demasiado artificial e limpinho da ilha (tecnicamente, não na imagem per se), dos ambientes (demasiado assépticos e digitalizados), e o uso exagerado da fotografia com filtros. Há noir, há escuro, há névoa e gótico, mas estes ingredientes querem-se mais "sujos" e orgânicos. Não é a primeira vez que Scorsese o faz ("The Aviator", por exemplo), mas desta vez foi um pouco longe demais. Por outro lado, desiludiram-me as cenas na "enfermaria C", a dos prisioneiros mais perigosos, que no livro está retratada de uma forma mais negra, e onde Jackie Earle Haley vai muito bem, mas não chega para amedrontar.