quinta-feira, 27 de maio de 2010

Shutter Island

Classificação: 7 espigas (em 10)


Positivo -Di Caprio em mais uma performance excelente, a mostrar porque Scorsese o escolheu para sua "musa"; o formalismo impecável de Scorsese a filmar; a história em geral, baseada no livro de Dennis Lehane (Mystic River e Gone Baby Gone).
Negativo -Este é daqueles filmes que dificilmente me conseguiria conquistar à primeira, embora a ansiedade e curiosidade de o ver fossem muitas. É que tive oportunidade de ler o livro há cerca de um ano, e nada do que ali se passa é novidade para mim (nomeadamente o "twist" final). De qualquer forma, posso acrescentar que a história foi cinematografada de forma correcta, com respeito pelo material original, embora também aqui tenha notado (como no livro) alguma previsibilidade nos acontecimentos. Há quem aponte acusações de plágio a Dennis Lehane pelo romance. Depois de ver excertos do filme de que se fala (O Gabinete do Dr. Caligari) fico com algum amargo de boca. O que não gostei muito foi o aspecto demasiado artificial e limpinho da ilha (tecnicamente, não na imagem per se), dos ambientes (demasiado assépticos e digitalizados), e o uso exagerado da fotografia com filtros. Há noir, há escuro, há névoa e gótico, mas estes ingredientes querem-se mais "sujos" e orgânicos. Não é a primeira vez que Scorsese o faz ("The Aviator", por exemplo), mas desta vez foi um pouco longe demais. Por outro lado, desiludiram-me as cenas na "enfermaria C", a dos prisioneiros mais perigosos, que no livro está retratada de uma forma mais negra, e onde Jackie Earle Haley vai muito bem, mas não chega para amedrontar.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Sobre o Final de Lost (SPOILERS)...

Tal como imaginei, Lost terminou com uma forte carga religiosa e um sem número de perguntas que toda a gente queria ver respondidas. É óbvio que isso era impossível. No entanto, compreendo as angústias daqueles que passaram seis anos a tentar entender alguma teoria específica (os números "mágicos", as viagens no tempo, quem viveu originalmente na ilha, quem era a mãe de Jacob...) e depois chegaram ao fim com pouco ou nada.
Há que recordar que Lost esteve "à deriva" durante boa parte da temporada 3, e que muitas histórias serviram para "encher chouriços" até os seus criadores conseguirem o afamado contrato com a ABC que lhes permitiu dar um fim digno à série.
Tenho pena que não se chegue a perceber o que é a luz da ilha, e qual a importância desta, mas acho que isso é o mesmo que querer saber se Deus existe (ou como li num forum de fãs, quem nasceu primeiro, a galinha ou o ovo).
É preciso um pouco de fé. E foi a pedir muita fé aos seus fãs que Lindelof e Lieber concretizaram o fim de uma das mais famosas séries da década, e mesmo da história da televisão.
Vou dar um exemplo de todo o burburinho que anda na net: alguns queixam-se que ficámos sem perceber porque raio o irmão de Jacob se tranformou no monstro de fumo, e o mesmo não aconteceu a Desmond ou mesmo a Jack. A minha teoria é de que estes dois eram pessoas especiais, dignas de entrar na luz. Uma (Desmond) pelas suas propriedades electromagnéticas que fomos acompanhando ao longo das últimas temporadas. Jack simplesmente porque foi escolhido por Jacob. Mas é como digo: isto é apenas uma teoria minha, entre dezenas ou centenas que andarão por estes dias a inflamar a internet. E aí é que está o busílis da questão. Lost terminou com muitas coisas em aberto precisamente para que cada um encha os espaços em branco da maneira que mais lhe aprouver. E isso, no meu dicionário, é qualidade. Querem a papinha toda? Vejam a Anatomia de Grey ou o Dr.House e deixem-se de merdas.
Vou ter saudades de Lost... muitas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

The Man Who Stare at Goats

Classificação: 8 Espigas (em 10)

Positivo -Saber que uma parte desta história (mais do que aquilo que se poderia esperar) aconteceu mesmo; Jeff Bridges, George Clooney, Kevin Spacey, o triunvirato genial da imbecilidade e idiotice: um elenco perfeito; algumas cenas que podem vir a transformar este filme numa obra de culto (ao estilo do grande Lebowski), como a declaração a McGregor (mestre Jedi nos Star Wars) de que Clooney é um "verdadeiro" Jedi, ou o plano geral onde se vê o carro de Clooney e McGregor rebentar à passagem por uma mina, para não falar da célebre morte da cabra...

Negativo -Há quem compare com a obra dos irmãos Coen ("O Brother, Where Art Thou?", "The Big Lebowski", "Burn After Reading", a trilogia da idiotice). É verdade. As semelhanças são muitas, e Clooney já jogou neste campeonato (da personagem absolutamente idiota) vezes demais (o que fariam os Coen deste material?). No entanto, acho que o filme acrescenta algo de novo: os factos reais, a exploração do que um exército pode chegar a fazer para ganhar uma guerra; apesar de até achar o seu trabalho como actor muito interessante, não gostei de ver Ewan McGregor. Em baixo de forma...